quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

Fisiologia ocular (parte 2)

Captação de imagens
A captação de imagens dá-se ao nível da retina. Quando a luz atravessa o globo ocular, ela passa pelas células ganglionares e bipolares, estimulando os cones e os bastonetes.
Cada célula ganglionar encontra-se associada a uma célula bipolar. Contudo, a cada célula bipolar ou se encontra associado um grupo de cinco bastonetes ou apenas um cone.
Esta diferença ocorre uma vez que cada célula bipolar necessita, para ser estimulada, de cinco impulsos nervosos por parte dos bastonetes ou de apenas um impulso por parte de um cone.
Desta forma, em condições de fraca luminosidade, as imagens demoram ligeiramente mais tempo a serem processadas, uma vez que é necessário um maior número de impulsos por parte dos bastonetes para enviar a informação ao cérebro.

Após o influxo alcançar as células ganglionares, este segue pelo nervo óptico. Os dois nervos ópticos cruzam-se no cérebro, num ponto designado quiasma óptico, no qual as fibras nervosas (que constituem os nervos) se dividem [Fig.1]. Esta divisão permite que os impulsos nervosos provenientes do campo visual direito sigam para o hemisfério esquerdo e vice-versa, até alcançarem o córtex visual correspondente, no qual as imagens são processadas.
Embora as imagens dos dois campos de visão sejam criadas separadamente, o cérebro integra-as como um tudo. O cruzamento entre os nervos ópticos possui um papel importante na visão tridimensional.

[Fig.1] Localização do quiasma óptico e

percurso dos impulsos nervosos das células fotossensíveis

Córtex visual

O córtex visual é uma zona do cérebro que se encontra no lobo occipital (corresponde à parte anterior da cabeça) e possui duas divisões, a direita e a esquerda. Cada uma delas encontra-se dividida em outras duas zonas que, em conjunto com a correspondente lateral, formam o córtex visual primário e o córtex visual secundário [Fig.2].

O impulso nervoso chega primeiro ao córtex visual primário, no qual se processa a identificação da disposição espacial dos objectos, da forma e da intensidade luminosa. De seguida, o influxo é encaminhado para o córtex visual secundário, responsável por acções mais especializadas, como a identificação do relevo dos objectos. Por vezes, o impulso nervoso segue para os lobos temporais do cérebro (corrensponde às partes laterais da cabeça), realizando-se processos de reconhecimento e memória visual.

Todos estes processos executam-se a uma velocidade quase instantânea, permitindo uma visão dos acontecimentos em tempo quase real.

[Fig.2] Localização do córtex visual primário, secundário e do lobo temporal direito


Visão tridimensional

A visão a três dimensões é, sobretudo, fruto de três factores já anteriormente referidos: a convergência dos olhos, a visão binocular e a existência do quiasma óptico.
Contudo, os objectos apenas adquirem a sua forma durante o processamento das imagens, no cérebro, fenómeno determinado por alguns princípios.
Um dos princípios mais importantes é o da sobreposição [Fig.3], isto é, se um objecto sobrepõe ou tapa outro, é sinal que o objecto em questão se encontra mais próximo que o outro.

[Fig.3] Princípio da sobreposição

Outra avaliação da distância dos objectos é efectuada através da recurvatura do olho. Quanto maior for o grau de curvatura, o cérebro interpreta como sinal de maior proximidade. Contudo, este fenómeno apenas se aplica a objectos a menos de 6 metros, uma vez que, a distâncias maiores, o olho não sofre praticamente qualquer alteração.
Em objectos em deslocamento, aplica-se o princípio da paralaxe do movimento: se, dentro do nosso campo de visão, um objecto se move mais rapidamente que outro, é sinal que este se encontra mais próximo, daí a sua maior velocidade.

Estes e outros princípios permitem à maioria dos seres vivos possuir uma visão tridimensional, que permite percepcionar o mundo de uma forma mais concreta.

1 comentário:

This Is Rock' N Roll disse...

muito bom o conteudo =D obrigada